segunda-feira, 13 de julho de 2009

Primeiras conclusões

Caros leitores e leitoras,

Peço a compreensão de todos com a minha ausência nas postagens. Infelizmente, tive que abdicar dos meus devaneios por um tempo para lidar com outras preocupações. Mas acredito que durante esse mês conseguirei compensar o tempo que passei sem escrever nada por aqui.

A fim de que seja possível relembrar a todos sobre os pensamentos passados, vez gostaria de retomar todas as reflexões anteriores e juntar algumas conclusões a partir da reunião de todas elas, apresentadas de uma forma mais rápida, antes de iniciar uma nova fase de reflexões.

(Para que esse devaneio faça algum sentido para alguém que porventura tenha iniciado o acompanhamento dessas reflexões agora, sugiro que não o leia ainda, e comece com as primeiras reflexões. Não se preocupe em ler todas agora, o que eu acho algo bem difícil de se fazer, mas procure aproveitar cada devaneio para fazer suas próprias reflexões, o que exige tempo.)

E aqui estão minhas primeiras conclusões depois desse período de reflexão, feitas através de uma forma mais pontual:

- Os anos de aprendizado ainda não se encerraram. E eu me sinto satisfeito com isso. Durante esse semestre vivenciei situações novas e muito proveitosas, que com certeza serviram para me preparar de uma forma melhor para o futuro. Ainda sou incapaz de saber se os anos de aprendizado chegarão ao fim.

- Quanto à esperança - a minha esperança de acreditar que seria possível tentar de novo - confirmei que ela realmente existe. E não importa se o contexto muda, se as coisas se tornam mais difíceis ou fáceis, existe uma forma de se fazer com que as coisas terminem de um modo diferente daquele que se imagina quando nos deparamos com o inesperado. Se elas deram certo ou errado, eu realmente não sei. Discutir isso é algo que, dentro da minha maneira de ver as coisas, limita-se aos que acreditam no outro tipo de esperança - aquela que sempre imagina que tudo termina bem. E isso é algo que eu me distancio cada vez mais com o passar do tempo.

- A minha visão sobre o "plano de papel" se expandiu à medida que eu me deparei com novas situações. Talvez ainda não seja tempo de tirar conclusões precisas sobre isso, mas estou certo de que essa forma de ver o destino nunca fez tanto sentido para mim. E eu passei a acreditar que exercemos uma influência muito forte sobre o destino dos outros, e quase sempre não percebemos isso. Basta se dar conta de que nessa ótica, todos nós desenhamos na mesma folha - e o mais imoportante - estamos fazendo isso de olhos fechados. Reservo mais discussões sobre isso para um futuro próximo.

- Insisto em alertar que devemos pensar muito antes de fazer escolhas. De todos os tipos. Justamente pelo fato de que essas escolhas não afetam apenas uma pessoa, por menores que elas sejam. Fazendo isso também é possível aproveitar mais as oportunidades - embora isso possa ser meio contraditório, já que algumas escolhas devem ser feitas com rapidez, pois às vezes a demora para decidir leva à uma escolha involuntária. E mesmo tendo sofrido bastante com escolhas involuntárias causadas pela demora para decidir, ainda acredito que vale a pena pensar bem antes de agir.

- Sobre os sonhos, não posso me prolongar muito, pois ainda é necessário muito espaço para tomar todas as conclusões necessárias sobre eles. Mas por enquanto, volto a concordar com Fausto: "Como é tão difícil às asas de nossa alma aliarem-se as asas da matéria" - e refletindo um pouco sobre as idéias de Platão, e e utilizando suas teorias de forma muito superficial, eu cheguei à conclusão de que os sonhos são ligação da matéria com a nossa alma... são a perspectiva de tornar feliz o espírito - que habita o mundo das idéias - através das coisas que habitam o mundo sensível.

- A desventura prevalesce, infelizmente. Ela é uma manifestação dos sentimentos de quando sou atingido pela fraqueza que é inerente de todos os seres humanos, e que me faz concluir que sou apenas mais um humano, com tantas limitações, defeitos e angústias como tantos outros. Contudo, eu consegui admitir isso, o que talvez me faça diferente de muitos que não o fizeram. Reconheço boas virtudes nos seres humanos, e tive a felicidade de encontrar pessoas pelas quais tive profunda admiração por ver o que elas conseguiram fazer a partir de coisas aparentemente muito simples, mas que no final se tornaram verdadeiros atos heróicos. Queria eu ter feito durante todos esses anos de minha vida uma mínima parte do que elas fizeram.

- Quanto aos sacrifícios, creio que eles acabaram por constituir o meu maior problema. Visualizo minhas limitações ao ver que fui incapaz de controlar minha própria vontade, e misturando o inteligível com o sensível, não soube dizer ''eu sacrifico''. Isso não me custou o meu sonho, mas interferiu profundamente na minha vida. Como as próximas reflexões serão iniciadas por essa temática, encerro por aqui os comentários sobre sacrifícios.

E assim também encerro essa primeira parte de reflexões. Acredito ter encontrado muitas respostas para perguntas que pairavam sobre a minha cabeça, e encontrei muitas outras perguntas que ainda precisam ser respondidas. Agradeço a todos os que me acompanharam, com muita paciência nessas reflexões, as quais vocês também foram responsáveis por gerar mais idéias e caminhos para encontrar as respostas que eu procurava. Ficaria muito feliz se vocês continuassem a ler os próximos devaneios , que podem ser digressivos e dispersos para alguns, mas que fazem muito sentido para mim.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sacrifícios

Olá, para quem ainda encontra disposição para ler e refletir sobre devaneios de uma mente que se desgasta com o passar do tempo.

Aquelas reflexões sobre sonhos voltaram a ocupar minha mente e por isso volto a discuti-las aqui, com um caráter mais direcionado que o normal. Gostaria de me ater aos questionamentos sobre uma dúvida que se tornou incessante nos últimos tempos, relacionada às coisas que temos que abdicar para alcançar os sonhos. Vale mesmo a pena sacrificar tudo o que se obteve com tanto esforço em nome de um único sonho, e desistir de outras tentadoras coisas que acabaram por cruzar com sua vida nesse caminho?

Retomando citações passadas, que talvez não tenham interessado a ninguém...

"[...] não há momento em que você não seja um destruidor, em que não tenha de sê-lo; o passeio mais inocente custa a vida de milhares de pobres insetos, um passo arruina o penoso trabalho das formigas e empurra um pequeno mundo para um túmulo infame."

... começo a refletir sobre a minha própria condição, e chego a primeira importante conclusão para que seja possível responder ao meu questionamento inicial com todas os devaneios - quem sou eu. A resposta aparece novamente em poucas palavras: eu sou, assim como todos nós somos (ou temos de ser), um destruidor. Do quê? De pequenos outros sonhos construidos enquanto tentava alcançar uma meta a qual se torna cada vez menos motivadora com o passar dos dias

Por uma única vez senti que havia alcançado algo que eu lutei muito pra obter. E embora as coisas não tenham acontecido da forma que eu havia planejado (o que hoje já se tornou uma rotina a ponto de eu planejar as ações sobre as coisas que dão errado) senti uma enorme satisfação que palavras dificilmente seriam capazes de descrever. Eu me pergunto, todos os dias, se voltarei a rever essa sensação de contentamento ao chegar ao fim da jornada pela qual estou passando, e poder ser capaz de avaliar se o peso dos sacrifícios foi menor que o das recompensas obtidas.

Eu sinto que o lado da balança dos sacrifícios começou a pesar mais nos últimos tempos, e que eu estou em um estágio muito próximo da renúncia total em nome de um único sonho. Não sei se estou me aproximando dele, mas sei que quanto maiores os sacrifícios, maior é a sensação de incerteza que toma conta de mim. O que de um ponto de vista racional aumenta as chances de alcance do sonho ao abdicar de todas as outras coisas aumenta a incerteza do sucesso ao mesmo tempo, de forma extremamente irônica. Nesse nível, as chances de voltar atrás são impossíveis. Começo a perceber que será impossível resgatar o passado, com exceção de algumas coisas que ainda constituem saudosas memórias dele. Começo a contar os dias para o fim de tudo isso, e ao mesmo tempo continuo batalhando continuamente para isso.

Espero ter a oportunidade de continuar com as reflexões, e mais importante, que existam pessoas que estejam compartilhando isso tudo, e que pelo menos seja possível terminar uma parte desse aprendizado que consigo com elas, antes de um dos útlimos sacrifícios: o dos devaneios.

E Encerrando, questiono mais uma vez: Vale a pena?

domingo, 5 de abril de 2009

Desventura

Olá...

Novamente peço desculpas pelo grande período de tempo sem ao menos dar alguma satisfação da minha ausência.

Uma série muito grande de pensamentos estão rondando a minha mente nos últimos dias e por mais que eu tente, não consigo transcrevê-los aqui. Em uma tentativa praticamente inútil eu tento fazer uso de palavras dos outros para tentar me expressar, e infelizmente não é a primeira vez que isso acontece, e mais triste é dizer que essas mesmas palavras já foram usadas por mim para expressar outras coisas. A reflexão de hoje nada mais é que um sinal de que eu ainda estou aqui. Tenham a certeza de que meus devaneios não param. Espero que num futuro próximo esse bloqueio se desfaça, e eu consiga ser mais objetivo para explicar o que está acontecendo.


"18 de Agosto"

"Por que aquilo que faz a felicidade do homem tem que se tornar também a fonte de sua desventura?
Toda esta ardente sensibilidade de meu coração pela natureza, cuja vida me invadia com tanta voluptosidade fazendo do mundo à minha volta um paraíso, transformou-se agora num insuportável carrasco, num espírito atormentador que me persegue por toda parte. Outrora, do alto do rochedo, contemplando o vale fértil, para além do rio até aquelas colinas, via tudo ao meu redor germinando e brotando;via aquelas montanhas cobertas, do sopé ao cume, com árvores altas e espessas, aqueles vales em suas ondulações variadas, sombreados pelas mais graciosas matas, e o rio suave deslizando por entre os canaviais sibilantes, refletindo as nuvens delicadas que a suave brisa da tarde embalava pelo céu; via então as aves à minha volta, animando a floresta, e os milhões de enxames de mosquitos dançando com valentia no último raio do sol poente, e o seu último olhar fulgurante libertava da relva os escaravelhos, que zumbiam; olhava para o chão, atraído pelos zunidos e entrelaçamentos ao meu redor, e o musgo que extrai o seu alimento da dura rocha, e a giesta que cresce ao longo da árida duna de areia, revelavam-me a vida interior da natureza, calorosa e sagrada: como tudo isso penetrava em meu coração ardente, fazendo-me sentir como que deificado neste transbordamento, e moviam-se em minha alma as formas majestosas do mundo infinito, abismos surgiam à minha frente, correntezas despenhavam-se, os rios corriam lá embaixo e a floresta e as montanhas retumbavam; e eu via todas as impenetráveis forças criadoras agirem nas profundezas da terra; e então, aglomeravam-se entre o céu e a terra as inúmeras espécies de criaturas.
Tudo, tudo povoado por milhares de formas, e o seres humanos abrigavam-se em suas casinhas, aninham-se e dominam em seu espírito o vasto mundo! Pobres coitados! Vocês subestimam tudo por serem assim tão pequenos.
-Das montanhas inacessíveis nas regiões desertas, onde ainda ninguém pisou, até o extremo do oceano desconhecido, sopra o espírito do eterno criador e ele se alegra com cada grão de areia que o absorve e vive. Ah! Como desejei voar então com as asas de um grou que passou sobre mim, até o outro lado deste mar incomensurável, para beber cada impulso de vida ascendente deste cálice espumante do infinito, e sentir só por um instante, com a força limitada de meu peito, uma gota da glória do Ser que tudo produz em si e por si.
Irmão, só as lembranças daquele momento já me fazem bem. Mesmo os esforços de evocar e exprimir novamente aquelas inefáveis sensações elevam a minha alma além de si mesma, fazendo-me sentir duplamente os temores da situação em que me encontro agora.
É como se uma cortina se abrisse diante de minha alma e o espetáculo da vida infinita se transformasse nas profundezas de um túmulo eternamente aberto diante de mim. Você pode dizer: 'É isso!' Já que tudo é passageiro? Já que tudo se desesnrola com a rapidez do tempo, e toda a energia de seu ser dura tão pouco, ah! , arrastado pela torrente, submerso e esmagado contra os rochedos?Não há momento que não o devore, a você e aos seus, não há momento em que você não seja um destruidor, em que não tenha de sê-lo; o passeio mais inocente custa a vida de milhares de pobres insetos, um passo arruina o penoso trabalho das formigas e empurra um pequenno mundo para um túmulo infame. Ah! As grandes e raras mísérias do mundo: essas inundações que varrem as suas vilas, esses tremores de terra que engolem as suas cidades, não me comovem; o que me corrói o coração é a força destrutiva, oculta no âmago da natureza; ela não cria nada sem destruir a si mesma e ao seu próximo. E assim aflito titubeio. O céu e a terra e as suas forças criadoras me rodeiam: não passam de um monstro eternamente devorador e ruminante."



terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sonho


"Oh Feliz quem ainda em esperanças palplita,

Do mar de desengano almeja se salvar!
Aquilo que se ignora, é o que mais nos agita,
Aquilo que se sabe, nunca há de usar.
Fazei com que estas horas plenas de ventura
Em tristeza não mudem, de repente!
Olhai como o fulgor do sol já no poente
Doura a casa e o pomar, envoltos na verdura...
Morre, renasce o sol, nova aurora descerra
E além, onde ressurge, outra vida produz.
Oh, quisera ter asas, sobrevoar a terra,
Seguindo sempiterno a sua eterna luz!
Veria assim pererne o esplendor dos poentes,
A brilharem montanhas, campo sossegado,
Rios de prata a jorrar em douradas torrentes!
Nada perturbará esse vôo nas altuas,
Nem o monte selvagem, abismos e vertentes,
Abre-se enfim o mar com enseadas ardentes,
E Meus olhos humanos fartam deslumbrados.
Além mergulha o Deus que morre no horizonte,
Desperta em mim agora um ímpeto de açoite,
Apresso-me a sorver a refulgente luz,
Ante mim vejo o dia, atrás de mim a noite,
Sobre mim vejo o céu, embaixo o mar se acalma,
Um sonho que se deslbumbra, enquanto o sol se extingue.
Ah! Como é tão difícil às asas de nossa alma
Aliarem-se as asas da matéria!
Ao homem, por nascença, é dado, nesta vida,
Deixar que a alma ascenda ao páramo a sonhar,
Enquanto sobre nós, no espaço azul, perdida,
A cotovia libra com estrídulo cantar,
E em altos, rudes cimos, de pinhos cobertos
A águia abre as asas a voejar errante
E em planícies e mares condores libertos
No horizonte procuram a pátria distante."

( Extraído de "Fausto - Uma Tragédia" - Trata-se de uma tradução dessa obra de Goethe que foi oferecida como alternativa àquela feita por Antonio Feliciano de Castilho, conhecida por muitos.)

Olá a todos... Hoje escrevo em um horário diferente do que costumava escrever - e nesse momento, mais do que nunca, poderemos considerar essa reflexão como um devaneio.

Creio pensar da mesma forma que Fausto em relação ao que sentimos naquilo que ele e todos os outros preferem chamar de "sonhos" e eu prefiro chamar de "devaneios". É muito estranho continuar caminhando nessa vida e estar separado por uma parede de vidro inquebrável do caminho que não foi tomado. Sinto poder ver as consequências de uma escolha que não fiz, mas não posso desfrutar delas. Em meu caminho apenas vejo um longo caminho cercado pelos temores do homem: o desespero, a dor, a tristeza. Mas eu continuo andando porque sei que o caminho ao lado são apenas ilusões. E essas ilusões não se tornaram reais. Pelo menos por enquanto. Fico triste em pensar que sou capaz de planejar o resto da minha vida e que para alcançar aquilo que eu chamo de sonho e que para alcançá-lo tenho que contar com fatores que não dependem de mim.

E agora sim pretendo dar uma melhor definição sobre o sonho. É a materialização de um pensamento que alimenta a alma em desespero pelo seu principal alimento - a satisfação - e que traz um sentimento extremo de felicidade ao ser. Sonho é algo que faz muitos perderem suas vidas em uma luta que muitas vezes é traçada em vão por terem chegado ao fim sem mesmo chegar perto de concretizar aquele pensamento. Muitos podem dizer que é questionável o valor de se lutar por um sonho, visto que muitas vezes ele parece ser impossível, (e eu ressalto o uso do verbo parecer e da palavra talvez, deixando claro meu questionamento sobre isso, porque eu mesmo não sei ao certo se todos sonhos são possíveis ou impossíveis de se alcançar, penso muito sobre isso, infelizmente sem encontrar boas respostas) enquanto podemos optar por escolher viver de outra forma, diferente daquela vida de batalha pelo próprio sonho, apenas lidando com as coisas que aparecem em nossas vidas, sem pensar muito sobre o futuro. No entanto, acredito que esses dois caminhos tenham suas vantagens e desvantagens. Vale a pena comparar. Sendo assim, reparando as possibilidades de escolha e os resultados, temos: Primeiro - lutar pelo sonho, e alcançá-lo; Segundo - lutar por ele e não alcançá-lo, e finalmente, Terceiro - optar por não lutar por ele, e apenas seguir um caminho qualquer, entregando-se à sorte para alcançá-lo. Escolher em entrar nessa luta pelo sonho é algo que requer muita determinação. E a partir daí o sucesso nessa missão será determinado pela vontade em alcançar o sonho e pela habilidade de alguém em lidar com o inesperado. Mas isso não é tão simples como se parece quando falamos ou escrevemos. Relembrando a carta de aprendizado transcrita no primeiro devaneio - "Agir é fácil, difícil é pensar. Incômodo é agir de acordo com o pensamento." - e daqui partiremos para a outra opção: se entregar para a sorte. Fazer isso é optar apenas pelas ações e abdicar dos planejamentos para agir. Não é algo ruim, visto que você pode aproveitar mais cada momento, mas é muito incerto o alcance do sonho por esse caminho.

Acredito ter feito a minha escolha: lutar. Já disse inúmeras vezes, para diversas coisas que eu não gostaria de ter abandonado, as palavras ''eu sacrifico'', tudo para poder alcançar o sonho. Ele ainda está muito longe de se concretizar, mas acredito que alguns desses sacrifícios foram cruciais para que eu continue a caminhar na direção dele. Pelo menos por enquanto acredito que serei feliz no final de tudo, independente de ter alcançado o sonho ou não. Talvez no final toda a luta não tenha sido em vão, porque ao menos me foi dada a oportunidade de acreditar que eu posso lutar pelo meu sonho. Isso é uma dádiva que não foi dada para todos.

Agradeço mais uma vez pela atenção e principalmente pela paciência dos leitores e leitoras.

Até o próximo devaneio...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Escolhas

Saudações aos leitores e leitoras,

Primeiramente gostaria de justificar a demora para continuar o raciocínio da última reflexão registrada aqui. Nos últimos dias fui tomado por um sentimento muito difícil de se definir com poucas palavras, talvez seria uma mistura de angústia e incerteza, que me tornou incapaz de organizar minhas idéias, fazendo com que eu parasse com as publicações dos devaneios. Creio que os acontecimentos relacionados a causa desse problema renderão novos devaneios, como já estão acontecendo agora. Ficaria muito triste de imaginar que vocês pensaram que eu tivesse desistido da proposta inicial deste espaço, que é registrar as reflexões e através da reunião delas obter novos pontos de vista sobre assuntos diversos.

Dada essa justificativa, a qual terá melhor força argumentativa depois que eu terminar essa postagem, gostaria de esclarecer melhor o intuito de tantas definições das palavras que são discutidas aqui. Para possibilitar uma melhor compreensão da minha própria mente, creio que seja muito pertinente tentar seguir a linha de raciocínio dela. Dentro dessa ótica, as palavras possuem significados diferentes daqueles que são atribuídos pelo senso comum e até mesmo pelos próprios dicionários. Mas o fato de serem diferentes não implica em dizer que sejam contrários aos significados considerados ''padrões''. Usando esses novos significados eu tento evitar que os leitores possam compreender de forma equivocada meu raciocínio ao cair na ótica usual de interpretação.

[A partir daqui, ressalto aos possíveis novos leitores que é grande a importância da leitura das reflexões passadas antes de prosseguir com essa última, para que seja possível a compreensão do que vai ser registrado a seguir.]

Agora podemos concluir o que foi iniciado anteriormente. Naquela representação da vida como um plano de papel descrita na última reflexão, havia deixado claro o quanto as ironias provocadas pela entidade que chamei de destino provocou no meu traçado sobre aquele plano. Foi como olhar para o papel depois de ter feito parte do desenho e visto que ele fugiu completamente do esperado, e que ele não possuía sentido algum, porque não estava completo. Faltavam poucos traços para ligar aquele desenho irregular e imprimir algum significado nele. Os traços foram materializados na mente, e foram levados com vontade até o braço, que precisava mover a caneta para concluir sua idéia, coisa que no entanto não ocorreu. Senti que meu braço não se mexia mais nas direções que eu imaginava, e sim de maneira irregular, piorando o projeto do desenho que eu tanto imaginei. Poderia essa ser uma nova ironia feita pelo destino? Ter feito um plano e não conseguir colocá-lo em prática? É lamentável dizer que isso aconteceu.

No entanto, aquela minha "esperança pessimista'' me ajudou a observar que não existe uma única maneira de representar um certo desenho. E por isso coloquei em minha mente um novo plano, e dessa vez meu braço conseguiu se mover para continuar com os primeiros novos traços, para ver o mesmo desenho no final, talvez feito com mais detalhes e visto de outro jeito.

Nessa situação, aprendi que é necessário ter muito cuidado as decisões que tomamos para nossas vidas. O destino pode ser o mesmo no final, entretanto, entre o presente e o futuro envolve-se uma quantidade de tempo que pode variar dependendo das escolhas que fazemos. Sejamos cautelosos com cada passo que damos, com cada traço que fazemos, porque o tempo gasto de maneiras diferentes com certeza vai implicar em resultados diferentes. O traço rápido é fraco, e aquele que é dado devagar, mas com força e cuidado é um traço bem feito e produz bons desenhos.

Encerrando, pelo menos por enquanto, as reflexões acerca do destino, devemos lembrar que por mais difícil que esteja a situação, sempre podemos fazer escolhas. Por pior que elas pareçam, devemos lembrar que podemos fazer as escolhas para que no final tudo termine não como planejamos, mas sim de um jeito satisfatório, e não dependendo do destino, seja ele qual for.

Agradeço a todos pela paciência em ler e acompanhar tudo isso.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Destino

Antes de mais nada, agradeço pela atenção de todos leitores(as) pelo tempo que dispensaram lendo minhas reflexões. Estou muito contente em saber que esses devaneios foram lidos... espero que eles tenham gerado bons frutos nas mentes de todos.

Faz muito tempo que eu imaginei e refleti sobre o que escreverei aqui hoje, tentei explicar essa ótica no passado, mas senti que ela estava incompleta. Enquanto escrevo, ainda tenho o receio de que ainda faltem algumas coisas para encerrar essa linha de raciocínio, mas sinto que não existe melhor momento do que esse pelo qual estou passando para escrever isso. Dessa vez figuras poderiam ser úteis para explicar isso, tenho uma certa vontade de desenhar o que pretendo escrever, mas acredito que com isso eu estaria a capacidade de cada um de ter seu próprio modo de imaginar a situação. Palavras seriam mais interessantes por serem mais vagas, e estarem sujeitas ao remanejo feito pela da mente de cada um.

Certa vez imaginei que a vida fosse um traço desenhado à caneta numa grande folha de papel, tão grande que não seria possível atravessá-la sem usar toda a tinta da caneta. Não existe uma forma de apagar o que você desenha, mas você pode passar duas vezes pelo mesmo ponto, lembrando que a marca da tinta será diferente. No entanto, existe o ponto de saída desse traço, e o de chegada. Eu acredito que eles já estão supostamente definidos nesse plano... o nascimento, ponto pelo qual começamos a nossa jornada, e a morte, em que ela se encerra, ao menos como seres vivos. Vocês podem imaginar que esse raciocínio é falho, visto que existe um meio de determinar a nossa morte: suicídio. Mas eu considerei isso também, e represento da seguinte forma: o ato de colocar um fim na própria vida seria furar a folha de papel, talvez por riscar muitas vezes o mesmo local a ponto de deixar o papel frágil, ou mesmo ao se deixar tomar conta por um ímpeto destrutivo. Mas os motivos não nos interessam para essa reflexão, basta saber que trata-se algo fora do objetivo que nos foi dado quando entregaram a caneta e nos mostraram o papel, não deve terminar desse jeito.

Essa folha de papel gigante, (a qual chamarei de "plano de papel" para buscar uma maior coesão ao escrever) contém todos os caminhos que podem ser desenhados. E o que controla qual será o desenho traçado? Em primeira instância, viria a resposta "Nós mesmos". Mas não depende unicamente da nossa vontade. Todos nós estamos desenhando no plano de papel ao mesmo tempo, cada um com uma cor diferente, às vezes muito parecida, mas diferente. Talvez queiramos desviar de alguns caminhos que foram riscados pelos outros, talvez somos forçados pelos outros a desviar para não acabarmos fazendo um caminho curto (e indesejado) até a chegada, ou até mesmo fazer um grande furo no papel. Seria um tanto quanto utópico e simplista imaginar que os traços não teriam interferência sobre os outros. E pode ser que alguns achem loucura , mas acredito que existe um comando transcendental que também interfere no traço. Ele pode esbarrar em nossas mãos e fazer desvios inesperados, levando caminhos que não planejavam se encontrar se cruzarem. Esse poder transcendental está intimamente ligado com nossos pensamentos. (Espero poder reservar outra reflexão para detalhar a ação da transcendentalidade de forma mais ampla, com certeza outros devaneios virão sobre esse assunto). Alguns deles nos distanciam do fim, outros nos aproximam. Acredito que essa seja a minha definição para o destino - o caminho que o traço vai fazer e que não pode ser perfeitamente previsto.

As reviravoltas em nossas vidas feitas pelo destino são grandes ironias. Desde aproximar traços de cores praticamente iguais vagarosamente, mas nunca cruzá-los, até revelar os próximos pontos dos nossos traços e ao conseguirmos definir uma trajetória observamos que ela era completamente diferente daquela que pensavamos fazer. O destino é uma coisa totalmente incontrolável, mas suas ações não são sempre caóticas... as coisas inesperadas acontecem, mas nem a todo momento. Aceitar essa idéia é difícil, mas é necessária. É muito abstrato para se refletir em tão pouco tempo. Façamos uma reflexão mais lenta e mais proveitosa, dividida em partes. Gostaria apenas que após tentarem entender tudo isso, refletissem sobre quantas coisas irônicas e quantas coincidências aconteceram até hoje nos ''desenhos'' de vocês, tentando se questionar sobre quais fatores seriam os responsáveis essas coisas. Darei continuidade a essa abstração em um futuro próximo.

Estou certo de que essa representação já foi imaginada por outras pessoas antes, mas para mim ela surgiu como algo novo. O que a torna diferente das representações dos outros é o contexto em que a inserimos. E esse contexto é algo muito particular para cada mente, podendo tornar cada representação única.

Não posso privar minha mente do descanso. É preciso parar, não gostaria que essas reflexões fossem perdidas e mal acabadas pelo meu cansaço mental. Mais uma vez, agradeço aos leitores pela compreensão. Tenham boas reflexões, e bons traços em seus desenhos...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Esperança

Saudações para todos novamente...
Eu pretendia escrever sobre outras coisas, mas nos últimos dias minha mente foi inundada por ocorrências que voltaram completamente minha atenção para esse tema. O que é esperança? Dessa vez parte do devaneio se manifestou pelos signos, e é por isso que eu os escreverei aqui... não sei o que realmente isso tudo representa, mas se esses signos tanto me fazem refletir é porque merecem ser registrados...

Muitos me chamam de pessimista. Talvez eu seja um mesmo, mas eu não sei o que "ser pessimista" realmente quer dizer. Eu possuo sim uma ótica que difere do senso comum. Parece meio óbvio, mas sabemos que existem apenas duas opções para as coisas que planejamos: dar certo ou dar errado, sucesso ou fracasso, vitória ou derrota. A minha ótica consiste em não contar demais com que as coisas possam dar certo, mas saber o que fazer no caso delas darem errado, e para isso imaginar que elas deram errado. Porque ao planejarmos tudo, sempre imaginamos que vai dar certo. Então talvez não seja necessário se preparar para o sucesso, mas sim para a derrota inesperada por muitos. Isso pode evitar decepções maiores. Eu digo isso por experiência própria: construi um verdadeiro sonho [deixe-me brevemente definir que sonho seria um objetivo que poderia ser alcançado, futuramente escreverei sobre isso com mais profundidade] na base de ilusões. Estava tão cheio de esperanças de que ia dar certo que eu me esqueci completamente de que o tempo passou e as coisas já haviam dado errado. Quando me dei conta disso, o sofrimento foi forte e me perseguiu por muito tempo. Percorri caminhos obscuros achando que iria me livrar dessa angústia quando na verdade só arrumei outros sofrimentos iguais, senão piores. Não vale a pena me torturar detalhando-os, então basta dizer que eles existiram. Isso é a explicação para o meu ''pessimismo'', o qual prefiro chamar de planejamento do inesperado.

Agora sim falarei da esperança. Confesso que essa minha ótica ofuscou um pouco minha capacidade de acreditar que existe de fato a possibilidade de algo dar certo. Essa crença apareceu para mim não faz muito tempo, ela surgiu justamente quando eu já estava pronto para aceitar uma derrota de uma batalha que ainda não havia sido travada. E por causa dela eu continuei a lutar. Ainda não sei se venci, isso só será revelado em breve, mas acredito que mais importante que o desfecho, seja ele qual for, é saber que precisamos nos levantar depois da queda. Isso é ter esperança. Acreditar que você pode tentar fazer tudo de novo e que dessa vez tudo dê certo, ao contrário do conceito que muitos com excesso de confiança tomam para esconder o medo da derrota. Ter esperança é muito mais do que acreditar que você venceu a luta: é saber que não é uma única luta que te faz vencer uma guerra. Não é um único momento que decide a sua vida inteira. Pode interferir por um grande periodo de tempo, mas existem outros momentos que irão surgir e ofereceram novas lutas. Em algumas, nos aguardam outras derrotas. E em outras, o sucesso.

Recentemente cheguei a desacreditar de tudo isso quando tentaram colocar em prova minha capacidade de planejar meus caminhos. Eu me sentia a caminho de alcançar o paraíso dado pelo sucesso atingido ao planejar tudo e de repente olhei para baixo, e então percebi que estava caindo ao invés de me aproximar do que eu havia planejado. Foi então que fui salvo por algo que não pude descrever na hora e ainda não sou capaz de fazê-lo. Acredito que um anjo tenha me estendido a mão. Em um gesto gracioso ele apenas me mostrou que eu não devo olhar para baixo, porque para continuar subindo eu preciso de esperança, e ela não é encontrada quando olhamos para o chão. A lição que minha mente aprendeu nesse devaneio foi uma que mais tarde eu encontrei em palavras em um lugar que não tem grande importância de ser conhecido. Encerro aqui mais esta reflexão, agradecendo a todos que gastam seu precioso tempo tentando entender tudo isso, e que refletem sobre o que escrevo aqui, trazendo mais uma pergunta: Como você usa a esperança a seu favor?, e transcrevendo o que eu aprendi sobre a esperança, com as mesmas palavras que encontrei:

"When things are looking down, you've got to look up. You ain't gonna find any hope rolling around there in the ground..."


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Seria esse o início ou o fim dos anos de aprendizado?

Olá,
Acho que finalmente conseguirei dar início a essa idéia de tentar expressar as tormentas da minha mente. Para você, leitor(a) desse espaço, entenda (ou tente entender) que neste lugar não serão encontradas respostas sobre muitas coisas, mas sim inúmeras perguntas, que não necessariamente precisam ser respondidas. Nessa dimensão de pensamentos, a qual não gosto de chamar de sonho (visto que essa palavra remete ao menos para mim um outro significado que em alguma hora descreverei por aqui) , mas de devaneio, um verdadeiro reflexo da imaginação que se perde nas nuvens da mente tempestuosa, procuro através do registro das coisas buscar compreendê-las com uma análise mais profunda. Em outras palavras, vou tentar descobrir e aprender qual é o intuito de ter tantos pensamentos aleatórios que reunidos tornam-se tão confusos.
Depois dessa breve explicação, transcrevo um excerto que possui algumas palavras que serão grande fruto para reflexões:

“Longa é a arte, breve a vida, difícil o juízo, fugaz a ocasião. Agir é fácil, difícil é pensar. Incômodo é agir de acordo com o pensamento. Todo começo é claro, os umbrais são o lugar da esperança. O jovem se assombra, a impressão o determina, ele aprende brincando, o sério o surpreende. A imitação nos é inata, mas o que se deve imitar não é fácil de reconhecer. Raras as vezes onde se encontra o excelente, mais raro ainda apreciá-lo. Atraem-nos a altura, não os degraus; com os olhos fixos no pico caminhamos de bom grado pela planície. Só uma parte da arte pode ser ensinada, e o artista a necessita por inteiro. Quem a conhece pela metade engana-se sempre e fala muito; quem a possui por inteiro, só pode agir, fala pouco ou tardiamente. Aqueles não têm segredos nem força; seu ensinamento é como pão cozido, que tem sabor e a sacia por um dia apenas; mas não se pode semear a farinha, e as sementes não devem ser moídas. As palavras são boas, mas não são o melhor. O melhor não se manifesta pelas palavras. O espírito, pelo qual agimos, é o que há de mais elevado. Só o espírito compreende e representa a ação. Ninguém sabe o que ele faz quando age com justiça; mas do injusto temos sempre consciência. Quem só atua por símbolos é um pedante, um hipócrita ou um embusteiro. Estes são numerosos e se sentem bem juntos. Sua verborragia afasta o discípulo e sua pertinaz mediocridade inquieta os melhores. O ensinamento do verdadeiro artista abre o espírito, pois onde faltam as palavras, fala a ação. O verdadeiro discípulo aprende a desenvolver do conhecido o desconhecido e aproxima-se do mestre.”
(Goethe, em "Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister")


Eu poderia gastar inúmeras palavras pra tecer comentários sobre cada frase dessa chamada "Carta de Aprendizado", mas creio que não é pertinente gastar tantas palavras para isso enquanto os pensamentos continuam se perdendo. Não é minha pretensão obrigar alguém a concordar com tudo que está escrito acima, mas apenas gostaria de refletir sobre isso.

Embora eu considere estar sempre em um constante aprendizado das coisas, ultimamente tenho sentido que a atual fase de aprendizado está chegando ao fim para dar início a uma nova. Resta saber se essa nova fase resume-se em novos anos de aprendizado, ou talvez anos de viagens para aplicar o que eu aprendi até agora. E nessa dúvida surgem perguntas: O que eu aprendi nesses anos? Será que isso foi suficiente para iniciar essa nova etapa, ou eu devo me preparar melhor para o futuro? Irei dispor de tempo para esse preparo antes que o futuro se faça presente? De fato, é muito difícil agir de acordo com o pensamento, principalmente quando ele está tão confuso. Pensar talvez não seja algo difícil, mas pensar de maneira coerente de fato o é. Também gostaria de estabelecer um significado mais oportuno para a palavra pensar em um futuro próximo.
Acho que a única coisa que eu realmente aprendi foi a imaginar como as coisas podem ser. Isso não quer dizer que elas serão do jeito que eu imaginei, mas que elas talvez podem ocorrer dessa forma, e isso pode trazer certos benefícios para a alma, para a mente e para o coração. Uma realização completa. Esse "ato de imaginar possibilidades" nada mais é do que o próprio devaneio. E todos os dias eu tento descobrir qual seria a forma de, após imaginar algo, envidar esforços para projetar essa possibilidade no plano das coisas reais.

Devo parar por enquanto, a mente também pode se desgastar, e como ela é quem vai fazer parte do aprendizado, pode não aproveitar algumas reflexões. Peço desculpas pela digressão na sequência dos pensamentos, mas procuro retratar da forma mais fiel possível a ordem em que eles ocorrem, de maneira que esse registro seja um retrato da minha mente. "O melhor não se manifesta nas palavras", diz a carta, mas estou tentando aprender como me manifestar pelas ações e pelo espírito. Quando conseguir tal feito, não será mas necessaria a existência de um espaço para "registrar" e talvez "organizar" pesamentos, porque de fato eles serão transformados em ações.

Agradeço a paciência e espero ter despertado alguma curiosidade em você, leitor(a) para tentar entender tudo isso, quem sabe eu não seja o único que vive nesse eterno devaneio necessitando aprender qual a função de tudo isso...